sábado, 13 de novembro de 2010

Éder Jofre - O maior de todos os pugilistas brasileiros


É com imenso prazer que o Tabela Online abre espaço para sua primeira matéria não-futebolística. E o esporte abordado é o boxe, tão amado por muitos e odiado por outros tantos. E como protagonista desta matéria não poderíamos ter outro senão o maior de todos os pugilistas que este país já produziu.

Éder Jofre nasceu em São Paulo no dia 26 de março de 1936. Vindo de uma família de boxeadores, a paixão pelo esporte estava no sangue. "Quase toda a família tinha algum tipo de vinculação com o boxe. Lembro que quando eu tinha por volta de 4 anos, meus tios me seguravam no colo para que eu batesse no saco de pancadas. E eu sempre gostei daquelas histórias de heróis de quadrinhos. Acho que isto me inspirou a ser boxeador. No fundo eu queria ser um herói também, queria ser admirado", afirma Jofre.

Em 1956, na condição de pugilista amador, Éder Jofre representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Suécia. Devido ao equívoco imperdoável da organização brasileira, que o fez treinar com Celestino Pinto, um sparring muito maior, Éder fraturou o nariz e teve que lutar dois dias depois. Tendo que respirar pela boca e sem condições de lutar em um bom nível, Éder perdeu a luta e o sonho olímpico para o chileno Cláudio Barrientos nas quartas de final.


Depois da frustração na Suécia, Éder decidiu lutar profissionalmente. Começou em 1957, na categoria peso galo (até 53.5 kg). No ano seguinte, já era campeão brasileiro. Em 1960, ganhou o título sulamericano. E foi neste mesmo ano que Éder Jofre se sagrou campeão mundial.  A luta na  eliminatória contra o mexicano Joe Medel marcou o pugilista. "Foi pauleira o tempo todo. Uma luta franca. No 6º round, ele quase me nocauteou com um golpe no fígado. Ele viu que eu estava sentindo, por que eu dei um gemido quando este golpe dele entrou. Fiquei quase pendurado nas cordas, mas não caí. Reagi e o nocauteei no 10º round. Era uma eliminatória da disputa de título mundial e quem ganhasse enfrentaria o Eloy Sanchez pela coroa. Esta luta com o Medel foi a mais difícil. Depois desta, considero a luta com o Tony Jamito", disse Éder.

Na disputa do título em Los Angeles contra o mexicano Eloy Sanchez, atual campeão mundial, Éder nocauteou o adversário e, a partir daí, começava a se tornar uma das maiores lendas do esporte mundial. "Nunca esqueço do meu irmão gritando após eu ter nocauteado o Sanchez. Ele dizia: 'Sou irmão do campeão do mundo! Sou irmão do campeão do mundo!' Só aí é que me dei conta do que estava acontecendo. Na volta ao Brasil, tinha me transformado em um ídolo nacional. O assédio era enorme." E realmente era. Na volta ao Brasil, Éder encarou uma multidão de mais de 20 mil pessoas o esperando no aeroporto.

Em 1962, Éder Jofre unificou o título da categoria superando o irlandês Johnny Caldwell. O brasileiro defendeu o título em oito lutas, vencendo todas por nocaute. Mas, em 1965,  enfrentou o japonês Masahiko “Fighting” Harada e conheceu sua primeira, e controversa, derrota. "A verdade é que eu estava muito fraco. Ele [Harada] estava em cima de mim o tempo todo, e eu já vinha há algum tempo com dificuldades para fazer o limite dos galos. Fiquei 12 horas sem colocar uma gota d’água na boca. Estava desidratado e cansei muito." Quando perguntado se o resultado seria diferente se os jurados fossem neutros, Éder não titubeia. "Acho que sim."

No ano seguinte ocorreu a revanche entre os dois lutadores. "Me foi dado diurético antes desta luta para não ter problemas com o peso, mas isto me enfraqueceu. Além disto, mesmo depois de já estar no peso, o diurético não foi suspenso e eu acabei pesando quase 1kg abaixo do limite. Estava quase como peso mosca. Novamente estava fraco demais e perdi.". A controversa derrota por pontos, novamente, desiludiu Éder que se retirou do esporte. "Estava de saco cheio mesmo desta rotina de fazer peso, passar fome, treinar. Queria aproveitar a vida, ficar com a família, comer à vontade. Tirei três anos de férias. Este negócio de passar fome e não tomar água me deixou anos depois com pedras nos rins. Algumas pessoas me achavam arrogante, porque me convidavam a sentar com elas e tomar um refrigerante ou comer alguma coisa e eu nunca aceitava. Na verdade, eu não podia" relatou o ex-pugilista.

Três anos depois, em 1969, o brasileiro voltou a combater nos ringues.  Porém, buscou um desafio maior: ser campeão em uma categoria acima, a de Peso Pena (até 57.2kg). Em 1973, derrotou o cubano José Legra em São Paulo e se tornou bicampeão mundial de boxe. "Quando eu lutei com o José Legra pelo título dos penas, eu queria ganhar por nocaute. Queria fazer isto pelo meu pai, que estava com câncer." Como peso pena, Éder Jofre, mais uma vez, alcançou o sucesso de uma forma impecável.  Foram 25 lutas e todas vencidas até 1976, quando resolveu se aposentar de vez devido ao baque da morte de seu irmão Dogalberto.

Sua relação com a família era forte , principalmente com o pai, o ex-pugilista argentino José Aristides Jofre, mais conhecido como "Kid Jofre" (1907 - 1974) . "Meu pai foi meu maior ídolo. Ele conversava tudo comigo e com meus irmãos e sempre foi muito aberto conosco. Veja bem, nos idos de 50 ou 60, meu pai já recomendava que eu usasse camisinha. Ele 'filtrava' o assédio, que era muito grande, e sempre me deixava à vontade para que eu tomasse as decisões. Mas, na época da luta com Legra, ele já estava muito doente, com câncer no pulmão. O que matou meu pai foi o cigarro. Mas na época ele também estava sofrendo muito com a doença do meu irmão, Dogalberto. Quando tinha apenas uns 6 anos, meu irmão caiu de bicicleta e bateu o abdômen. Isto depois se transformou num câncer e ele faleceu antes dos 40 anos, logo depois da morte do meu pai" afirmou Éder.



Em 1982, Éder Jofre ingressou na política, sendo eleito vereador em três pleitos. Porém, sempre será lembrado como uma das maiores lendas do boxe mundial, sendo ídolo até de gigantes dos ringues como Mike Tyson, como o próprio americano admitiu uma vez em uma conversa com o ex-piloto brasileiro Emerson Fittipaldi. 

No museu do São Paulo Futebol Clube, pelo qual Éder Jofre defendeu e honrou as cores por toda a carreira, há uma parte inteira dedicada ao pugilista, contendo inclusive sua luva e seus dois cinturões de campeão mundial. Apesar disso, Éder Jofre se ressente por não ser tão reconhecido no Brasil como é  no exterior. Porém, todos os amantes do boxe no país e no mundo reconhecem sua grandeza, seu talento agressivo e absolutamente único dentro dos ringues, o tornando o maior Peso Pena da história e maior de todos os pugilistas do Brasil.





Cartel: 

78 lutas 
72 vitórias 
50 nocautes 
4 empates 
2 derrotas (os dois contestados combates contra Harada)

    Títulos:

    _Campeão da Forja de Campeões (amador) - 1953 

    _Campeão Brasileiro dos galos - 1958 

    _Campeão Sul-americano dos galos - 1960 


    _Campeão Mundial da AMB (Associação Mundial de Boxe) dos galos - 18 de novembro de 1960 

    _Campeão Unificado (títulos pelas federações americanas e européias) dos galos - 1962 

    _Campeão Mundial dos penas pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe) - 05 de maio de 1973

      Prêmios e Homenagens: 

      _Melhor Peso Galo do mundo - 1963 

      _Melhor Peso Galo de todos os tempos Conselho Mundial de Boxe (CMB) 

      _Melhor na categoria de peso na América Latina - Imprensa da República Dominicana 

      _Pugilistas que defenderem com sucesso o seu cinturão nos galos ganham o "Troféu Eder Jofre". 

      _Indicado para o "Hall da Fama" do boxe - 1992. 

      _Nono melhor pugilista dos últimos cinqüenta anos - Revista norte-americana "The Ring" - 2002 (Ao lado de monstros do esporte como Sugar Ray Robinson, Muhammad Ali, Julio Cesar Chavez, Sugar Ray Leonard, Roberto Duran, Carlos Monzón) 

      _Citado no mangá japonês Hajime no Ippo pelo seu Upper '65 no estádio de Bantan no Japão, onde seu upper acertou o ar e fez um incrivel som.


        Fontes: wikkipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89der_Jofre) e entrevista à revista "Ringue".

        Imagens: wikkipedia; google imagens




        7 comentários:

        Ricci disse...
        Este comentário foi removido pelo autor.
        Ricci disse...

        Parabéns Vini!
        Cada vez que vejo um artigo histórico ligado ao SPFC, anda mais de alguém que honrou o manto tricolor, tenho que me manifestar...
        Alias, valeu por autorizar que o portal SPFC Digital também divulgasse seu texto.
        Link: http://www.spfcdigital.com.br/noticias/651-eder-jofre-o-maior-de-todos-os-pugilistas-brasileiros-

        Grande abraço

        Ricci Jr
        www.twitter.com/riccijr

        Unknown disse...

        Parabéns pelo blog. O texto está ótimo... O ídolo Éder Jofre precisa mesmo ser conhecido por muitos brasileiros.

        Vinícius Ramos disse...

        Valeu Ricci Jr., ter o reconhecimento seu em uma matéria minha é uma grande honra. Sempre que quiser publicar meus textos do SPFC Digital será bem vindo. Um grande abraço!!!

        Vinícius Ramos disse...

        José, este foi um dos motivos principais que escolhi fazer este texto. Éder Jofre é um dos maiores ídolos do esporte nacional que não tem a metade do reconhecimento merecido.
        Muito obrigado pelo apoio ao texto e ao blog.
        Um grande abraço!

        Unknown disse...

        meu nome é Eder em homenagem a ele por meus pais já falecidos, tenho orgulho do meu nome!
        eder silva zanotti

        Unknown disse...

        o irmão dele...Mauro é meu vizinho porém acho que eles não se dão bem!

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