sábado, 19 de maio de 2012

Brasileirão começa com injustiça monetária


Vai começar neste sábado (19) mais um Campeonato Brasileiro, o 10º de sua história com o formato de pontos corridos. De lá pra cá, foram seis títulos paulistas, dois cariocas e um mineiro. A fórmula claramente prevalece as equipes mais regulares durante o torneio, com o objetivo de ser justa, premiando os melhores. Para ser o melhor, o clube deve ser organizado internamente e ter um elenco poderoso. Para ter um bom elenco, você deve ter dinheiro. A maior fonte de receita dos clubes atualmente são os direitos de TV.  E é aí que o Brasileirão está começando a ser injusto.
A partir deste ano, a emissora de TV que detém os direitos do campeonato passou a pagar de forma diferente as equipes. Flamengo e Corinthians, as maiores torcidas do país, ganharão cerca de R$90 milhões por ano. São Paulo, Palmeiras, Santos e Vasco da Gama ganharão R$75 milhões. Botafogo, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional, R$55 milhões. Ou seja, os grandes de Minas, Rio Grande do Sul e dois cariocas terão quase metade da grana para montarem seus respectivos elencos e competirem com Flamengo e Corinthians.
E o abismo fica maior ainda quando se compara com os outros clubes do torneio. Bahia, Coritiba, Portuguesa e Sport receberão R$30 milhões, enquanto Náutico, Ponte Preta, Figueirense e Atlético-GO ganharão R$18 milhões, cinco vezes menos do que os dois de maior torcida. Como estas equipes poderão competir com os clubes do principal eixo do futebol nacional? Eles já têm menos estrutura, prestígio, publicidade e agora ganharão absurdamente menos do que os principais clubes? Onde estará o equilíbrio?
O Brasileirão é mundialmente reconhecido por seu equilíbrio, com vários clubes grandes e, mesmo os menores, conseguem surpreender os maiores. Ao redor da Europa, os países caminham cada vez mais para uma cota justa para os times, para diminuírem a disparidade dos clubes. A Espanha, sempre reconhecida por ter apenas dois gigantes, agora já começa a estudar uma divisão de dinheiro mais justa entre os afiliados. Porque o Brasil começa a caminhar na contramão? Porque não seguir o exemplo da Premier League, que divide os direitos de TV da seguinte forma: 50% repartidos igualmente entre os clubes e os outros 50% divididos proporcionalmente entre as equipes com as melhores campanhas nos anos anteriores. Assim, a diferença de grana entre as equipes é menor, os pequenos têm uma cota mínima mais segura e são premiados por melhores campanhas. Lá, se um time fica em 13º ganha bem mais dinheiro do que o 14º, por isso vale a briga até o final por uma posição, ao contrário do Brasil, em que quem termina nestas posições fica na “Zona do Limbo”, não se classificando para nenhum campeonato, nem sendo rebaixado e ganhando a mesma grana.
Quando nosso campeonato passa a ser exemplo para os gringos, resolvemos seguir o caminho contrário e andar na contramão. Se continuar assim, teremos mais dez anos de domínio do eixo Rio-São Paulo no Brasileirão, cada vez mais se distanciando dos demais.

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