A discussão em torno da polêmica partida de volta das
semifinais da Copa Sul-Americana 2013 entre Ponte Preta e São Paulo tomou conta
do país nesta semana. Para quem não está sabendo, a Macaca quer jogar a partida
de volta em Campinas, no seu estádio Moisés Lucarelli (com capacidade para 18
mil pessoas, segundo FPF, CBF e Corpo de Bombeiros – até uma semana atrás),
enquanto o Tricolor exige que o regulamento da competição seja cumprido, já que
a Conmebol exige um estádio com capacidade de ao menos 20 mil pessoas nesta
fase do torneio.
E é aí que a hipocrisia reina solta. Do lado ponte-pretano, do
são-paulino e de muita gente que palpita por torcer por algum dos dois clubes
ou contra o time grande em questão. Explicarei melhor.
É óbvio que o Lucarelli tem condições de receber a partida
com segurança. Não são 2 mil lugares que farão a diferença, nem a transferência
do jogo para Mogi Mirim (que me parece ser menos seguro ainda do que o estádio
campineiro). Mas, ao mesmo tempo, também é óbvio que o São Paulo tem o direito
de pedir a transferência do local da partida. Se os dirigentes ponte-pretanos
assinaram previamente o regulamento do torneio, concordando com os termos, não
têm o direito de reclamar. E a questão não se passa por “eticamente correto”,
como muita gente vem tentando pregar.
Imagine se, ao longo de um campeonato, um time “apagar” uma
lei do torneio e, assim, o cartão vermelho não valeria suspensão automática
para o próximo jogo. Não seria um absurdo? Tenho certeza que muitos acham que
sim. Isso seria ético?
Muita gente acaba tomando partido para defender seu time do
coração ou o “Davi” contra o “Golias” na questão. É lógico que a Ponte, em seu
primeiro torneio oficial internacional em seus 113 anos de história, ganha a
simpatia da massa em relação ao São Paulo, um dos mais vencedores clubes sul-americanos
(e que ainda tem a fama de “encrenqueiro”, conquistada pelas últimas diretorias
arrogantes).
O regulamento da Conmebol é assim há anos. O São Caetano
teve de disputar a final da Libertadores 2002 no Pacaembu (37 mil pessoas) ao invés do Anacleto Campanella (16 mil),
enquanto o Atlético-MG também teve de jogar no Mineirão (57 mil) ao invés do
Independência (23 mil), ambos contra o Olimpia-PAR, porque o regulamento do
torneio exigia a final em estádios com capacidades para mais de 25 mil
espectadores. OS clubes brasileiros tentaram revogar, mas não conseguiram.
Imprensa e boa parte da opinião pública deu de ombros para a questão, talvez
por ser o Azulão e um time mineiro contra um time paraguaio que ninguém tem
rivalidade por aqui.
Assim sendo, a hipocrisia rola solta. Da Ponte Preta (que se
faz de coitada e tenta anular um regulamento pré-estabelecido), o São Paulo
(que bate na tecla da falta de segurança, o que não há), da Conmebol (que se
faz de morta) e das pessoas que opinam por pura rivalidade (teve até um “idôneo”
jornalista esportivo de uma grande empresa do país que chamou o clube da
capital paulista de “covarde” na questão, além de menosprezar as
pessoas que divergiram de sua opinião).
No mais, a Ponte acabou com o São Paulo no Morumbi e deverá
ir a final sem depender do “caldeirão” do Lucarelli. Mas a hipocrisia é quem
argumenta mais forte em todos os lados da questão, enquanto a Conmebol, mais
uma vez, deixa o circo pegar fogo.
Imagem: Divulgação
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