sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Caso Moisés Lucarelli e a hipocrisia em todos os lados

A discussão em torno da polêmica partida de volta das semifinais da Copa Sul-Americana 2013 entre Ponte Preta e São Paulo tomou conta do país nesta semana. Para quem não está sabendo, a Macaca quer jogar a partida de volta em Campinas, no seu estádio Moisés Lucarelli (com capacidade para 18 mil pessoas, segundo FPF, CBF e Corpo de Bombeiros – até uma semana atrás), enquanto o Tricolor exige que o regulamento da competição seja cumprido, já que a Conmebol exige um estádio com capacidade de ao menos 20 mil pessoas nesta fase do torneio.

E é aí que a hipocrisia reina solta. Do lado ponte-pretano, do são-paulino e de muita gente que palpita por torcer por algum dos dois clubes ou contra o time grande em questão. Explicarei melhor.

É óbvio que o Lucarelli tem condições de receber a partida com segurança. Não são 2 mil lugares que farão a diferença, nem a transferência do jogo para Mogi Mirim (que me parece ser menos seguro ainda do que o estádio campineiro). Mas, ao mesmo tempo, também é óbvio que o São Paulo tem o direito de pedir a transferência do local da partida. Se os dirigentes ponte-pretanos assinaram previamente o regulamento do torneio, concordando com os termos, não têm o direito de reclamar. E a questão não se passa por “eticamente correto”, como muita gente vem tentando pregar.

Imagine se, ao longo de um campeonato, um time “apagar” uma lei do torneio e, assim, o cartão vermelho não valeria suspensão automática para o próximo jogo. Não seria um absurdo? Tenho certeza que muitos acham que sim. Isso seria ético?

Muita gente acaba tomando partido para defender seu time do coração ou o “Davi” contra o “Golias” na questão. É lógico que a Ponte, em seu primeiro torneio oficial internacional em seus 113 anos de história, ganha a simpatia da massa em relação ao São Paulo, um dos mais vencedores clubes sul-americanos (e que ainda tem a fama de “encrenqueiro”, conquistada pelas últimas diretorias arrogantes).

O regulamento da Conmebol é assim há anos. O São Caetano teve de disputar a final da Libertadores 2002 no Pacaembu (37 mil pessoas)  ao invés do Anacleto Campanella (16 mil), enquanto o Atlético-MG também teve de jogar no Mineirão (57 mil) ao invés do Independência (23 mil), ambos contra o Olimpia-PAR, porque o regulamento do torneio exigia a final em estádios com capacidades para mais de 25 mil espectadores. OS clubes brasileiros tentaram revogar, mas não conseguiram. Imprensa e boa parte da opinião pública deu de ombros para a questão, talvez por ser o Azulão e um time mineiro contra um time paraguaio que ninguém tem rivalidade por aqui.

Assim sendo, a hipocrisia rola solta. Da Ponte Preta (que se faz de coitada e tenta anular um regulamento pré-estabelecido), o São Paulo (que bate na tecla da falta de segurança, o que não há), da Conmebol (que se faz de morta) e das pessoas que opinam por pura rivalidade (teve até um “idôneo” jornalista esportivo de uma grande empresa do país que chamou o clube da capital paulista de “covarde” na questão, além de menosprezar as pessoas que divergiram de sua opinião).


No mais, a Ponte acabou com o São Paulo no Morumbi e deverá ir a final sem depender do “caldeirão” do Lucarelli. Mas a hipocrisia é quem argumenta mais forte em todos os lados da questão, enquanto a Conmebol, mais uma vez, deixa o circo pegar fogo.

Imagem: Divulgação

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