quarta-feira, 14 de março de 2012

Sangue, suor e vibração




Reportagem feita pelo Fifa.com 

"Disse a eles no vestiário que simplesmente não podíamos nos dar o luxo de perder aquele jogo e que eles teriam de suar a camisa pela causa", disse o técnico Bobby Robson a seus comandados da seleção da Inglaterra no jogo fora de casa contra a Suécia pelas eliminatórias para a Copa do Mundo da FIFA Itália 1990.

Um jogador em quem Robson sabia que podia confiar era Terry Butcher, um valente zagueiro central que ele vinha treinando nos 13 anos anteriores, tanto no Ipswich Town quanto na seleção. Butcher estava preparado não só para suar a camisa, como também para suar sangue – o que ele provaria de forma contundente.

A Inglaterra estava à frente da Suécia no Grupo 2 apenas no saldo de gols e somente o vencedor da chave garantia uma vaga direta na Copa do Mundo da FIFA. Os ingleses sabiam que tinham pela frente um desafio árduo naquele penúltimo compromisso, já que sua única visita anterior ao Estádio Rasunda, três anos antes, havia terminado com uma derrota por 1 a 0. Para piorar, desta vez não contavam com o carismático capitão Bryan Robson. Além disso, os suecos vinham animados com o 0 a 0 que haviam arrancado em Wembley no início do torneio classificatório.

A difícil missão se tornou ainda mais complicada logo no começo do jogo. Roger Ljung levantou a bola para Johnny Ekstrom no campo de ataque. O atacante do Cannes francês subiu alto para acertar a bola. No entanto, de forma acidental e também violenta, sua cabeça se chocou com a de Butcher.

O sangue começou a brotar de um profundo corte na testa do atleta do Glasgow Rangers, mas ele se recusou a jogar a toalha. Ao invés disso, conseguiu que lhe aplicassem sete pontos e lhe protegessem a cabeça com bandagem antes de voltar à disputa. "Precisariam ter me matado para me tirarem daquele jogo", diria mais tarde.

Desafortunadamente para o capitão substituto da Inglaterra, a Suécia, que contava com dois jogadores altos no setor ofensivo – Ekstrom e Mats Magnusson –, não parou de mandar bolas aéreas para o ataque no segundo tempo, forçando Butcher a afastá-las de cabeça uma atrás da outra (com exceção de uma, que ele descaradamente tirou com a mão. "Decidi dar um pequeno descanso ao ferimento", brincou mais tarde). E cada vez que as cabeceava, o sangue escorria de sua testa e cobria a camiseta.

Quando soou o apito final, encerrando o jogo em novo empate em 0 a 0, o goleiro Peter Shilton e os nove jogadores de linha vestidos de branco comemoraram o valioso ponto. Butcher, o décimo, também vibrou, mas já vestindo uma camiseta de cor vermelho-sangue.

Imagem: Getty Images

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