domingo, 19 de fevereiro de 2012

Especialistas em pênaltis





Reportagem feita pelo Fifa.com


A notícia rodou o planeta no último dia 1º de fevereiro. Lionel Messi, prestes a se tornar o maior artilheiro da história do Barcelona, perdeu uma penalidade máxima contra o Valência e deixou passar a oportunidade de dar mais uma vitória ao atual campeão mundial de clubes. No entanto, uma análise mais profunda dos envolvidos naquela situação bem que poderia ter mudado o protagonista das manchetes.

Com aquele feito, o goleiro Diego Alves – o primeiro brasileiro a jogar nessa posição no Campeonato Espanhol – acumulou 11 defesas em 17 cobranças desde sua chegada, em 2007. E não foi apenas Messi quem viu o goleiro parar seu chute. Entre as vítimas de Diego, estão Cristiano Ronaldo, Fernando Llorente e Frédéric Kanouté. Nada mal.

"Os pênaltis são uma guerra psicológica", afirmou o jogador, que tem tudo para se tornar o sucessor de Taffarel no que diz respeito a essa habilidade. "O goleiro deve estar relaxado e entender o raciocínio de quem vai fazer a cobrança. Assisto aos vídeos e observo qual lado os jogadores escolhem e como inclinam o corpo ao chutar. Os últimos passos que dão antes do chute são fundamentais", revelou Alves, de apenas 26 anos, que promete entrar para a história das cobranças da marca dos 11 metros.

Mas Alves não é o primeiro nem o último a exibir todo o talento de um verdadeiro especialista em defesas de pênaltis. Além daqueles que tiveram atuações de destaque em determinado dia – como o romeno Helmuth Dukadam na final da Liga dos Campeões da Europa de 1986, quando defendeu quatro cobranças do Barcelona pelo Estrela de Bucareste –, houve muitos goleiros que fizeram dessa habilidade uma constante ao longo de suas carreiras.

Ajuda extra
Lev Yashin, da antiga União Soviética, parou mais de 150 cobranças por pura intuição, o que lhe fez ser considerado por muitos o melhor goleiro da história. O alemão Rudi Kargus, por sua vez, ostenta o recorde do Campeonato Alemão, com 23 defesas em 70 oportunidades. Já o zambiano Kennedy Mweene, de 27 anos, mostrou suas qualidades na conquista do título histórico da Copa Africana de Nações 2012, há poucos dias. Mas, na hora de citar exemplos, é preciso lembrar também daqueles que misturaram talento natural com uma "ajudinha" extra.

O argentino Sergio Goycochea, por exemplo, foi considerado um dos últimos grandes mestres no assunto. Em entrevista ao FIFA.com, ele contou que o segredo de seu sucesso foi ter contado com "força nas pernas, muita intuição e, por que não, um pouco de sorte". No entanto, o goleiro apostava ainda em um pequeno ritual antes de cada cobrança. Escondido entre seus companheiros de equipe, ele urinava no centro do campo.



"Foi uma tradição que surgiu a partir da necessidade. Contra a Iugoslávia, na Itália 1990, havíamos jogado 120 minutos e não podia ir ao vestiário antes dos pênaltis. Eu havia tomado muito líquido e sentia vontade de ir ao banheiro. Tive de fazer no campo mesmo e ganhamos. Contra a Itália, fiz o mesmo e voltamos a vencer!", reconheceu rindo o goleiro. Graças a suas defesas, ele levou sua seleção até a final daquele torneio e deu o último título da Copa América para o futebol argentino no Equador 1993.

O alemão Jens Lehmann também ficou famoso graças a sua capacidade de defender pênaltis, principalmente de argentinos. Em 2006, meses depois de impedir uma cobrança de Juan Riquelme na semifinal da Liga dos Campeões da Europa, entre Arsenal e Villarreal, ele parou os chutes de Roberto Ayala e Esteban Cambiasso nas quartas de final da Copa do Mundo da FIFA. Nessa ocasião, o goleiro contou com a ajuda do famoso pedaço de papel que recebeu antes das cobranças dos adversários e que supostamente indicaria onde os argentinos bateriam – algo que até hoje gera controvérsias.

Riquelme declarou ao FIFA.com que se tratava de um pedaço de papel em branco, utilizado apenas para distrair os batedores. Já Lehmann chegou a exibi-lo em diversos museus. "Na verdade, aquilo não me ajudou muito", surpreendeu o herói daquele episódio. "Na cobrança de Ayala, ele indicava que seria melhor que eu saltasse para a direita, mas decidi mudar no último minuto e fiz a defesa. Foi pura intuição. Sempre se espera que um goleiro alemão pare pênaltis."

Um pênalti, um título
O espanhol Iker Casillas já demonstrou suas qualidades em todos os torneios do mundo. Ele, que havia exibido seu talento em várias competições das categorias de base, foi peça-chave nos pênaltis durante a partida contra a Irlanda na Coreia do Sul/Japão 2002. No entanto, depois de ter conseguido impedir que a bola entrasse em um jogo contra a Itália na Euro 2008, ele voltou a defender uma penalidade na África do Sul 2010. Desviou a cobrança do paraguaio Óscar Cardozo, que poderia ter mudado a história daquela partida e do Mundial nas quartas de final. Porém, o reserva Pepe Reina teve participação naquela defesa.

"Cardozo havia chutado para aquele lado quando jogou contra o Benfica e contei isso a Iker antes do jogo. Mas o mérito foi todo dele", reconheceu o arqueiro espanhol depois daquela grande vitória em Johanesburgo. Para Casillas, capitão da seleção campeã mundial, o sucesso naquela cobrança se deveu a um misto de intuição, sorte e ajuda de um companheiro.

Para concluir este resumo, ouvimos outro goleiro que conhece, e muito, a questão. O holandês Michel Vorm, que foi do Utrecht para o Swansea City, dá seu interessante ponto de vista, que o ajudou a ser conhecido como um verdadeiro "pegador de pênaltis" no Campeonato Inglês. "Parece que muitos goleiros, quando estão diante de uma cobrança, não se esforçam ao máximo para defendê-la. Se não conseguem impedir que a bola entre, pensam: 'Bom, era um pênalti, eu não podia fazer nada'. Já eu me obrigo de verdade a pará-lo. É preciso ter uma dose de sorte, mas isso pode fazer a balança pender a seu favor."

Imagem: Getty Images

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Affiliate Network Reviews