domingo, 25 de dezembro de 2011

Jogos históricos - FC Barcelona 1 x 2 São Paulo FC - Dentre os grandes, és o primeiro



A partir de hoje o Tabela Online começa com uma série que há muito tempo sonhava em fazer. São análises de jogos históricos, partidas, equipes e jogadores que viraram lendas no futebol. E para começar, nada melhor do que uma final de Mundial Interclubes do time que que é moda, o FC Barcelona, contra outro time brasileiro, só que com um final bem diferente. Era o Dream Team do Barça de Laudrup e Guardiola, chefiados por Johan Cruijff contra o São Paulo FC de Raí, Zetti e do maior técnico do futebol brasileiro, Mestre Telê Santana.

Táticas - Os embriões do futebol moderno

Para a minha surpresa, ao analisar os times em campo, percebi a disposição tática que é usada hoje em dia e tido como "nova". Enquanto o Barça jogava em um 3-4-3 muito parecido com o usado por Pep Guardiola hoje em dia, que encanta a todos, Telê dispôs o São Paulo em uma espécie de 4-2-3-1 que virou moda de 2009 para cá na Europa e, consequentemente, no mundo. Não é exagero dizer que estas duas equipes moldaram o que vemos de melhor no futebol atual.

O FC Barcelona apostava na segurança de Zubizarreta e em três zagueiros que saíam para jogar, Guardiola comandando o meio e a saída de bola, dois volantes com saída, um "camisa 10" para articular o meio ofensivo e chegar como falso 9 às vezes e dois pontas no ataque. Coincidência com o Barça de hoje em dia? Não creio.

Já o São Paulo FC se moldou para esta partida, em relação à equipe que havia ganho a Libertadores aquele ano. Se antigamente o time jogava no 4-4-2, agora o Tricolor de Mestre Telê havia mudado seu esquema para o 4-2-3-1, com Raí mais centralizado e com liberdade para encostar no ataque, Adilson passando de volante para zagueiro, Palhinha de atacante para meia, Cafu de lateral para meia e ainda os acréscimos de Vítor na lateral direita e o experiente Toninho Cerezo no meio, dando o toque de qualidade que faltava paa ajudar Raí na armação qualificada.

1º Tempo - Barça com mais posse, Sampa mais objetivo

O DNA que Johan Cruijff implantou no Barcelona e resiste até hoje era o de manter a posse de bola, girando até achar um espaço para entrar tocando na área adversária. Koenman era o líbero do time, mas quem comandava a orquestra era o jovem Gradiola, de 21 anos, e a lenda dinamarquesa Michael Laudrup, com Hristo Stoichkov, o maior jogador da história do futebol búlgaro na ponta esquerda. A troca de posicionamento em campo era algo comum neste time também. Com isso, o Barça dominou o início de jogo, contando ainda com um golaço de Stoichkov de fora da área aos 12.

Depois do gol, o São Paulo se acalmou e entrou mais no jogo. O Tricolor tinha um estilo também de toque de bola, mas era mais objetivo e vertical, quando tinha a bola ia sempre em direção ao gol. Muller ficava um pouco isolado na frente, mas usava a velocidade para partir pra cima, principalmente de Ferrer, que o marcava pela faixa esquerda. Em uma jogada destas, o camisa 7 "quebrou" Ferrer e cruzou para Raí entrar na área e, de cintura, empatar o jogo.

Ao contrário do que se vê hoje em se tratando de Mundial Interclubes, o clube sulamericano não ficou se defendendo e jogando no erro adversário. Pelo contrário, o São Paulo foi até ligeiramente melhor em campo, se impondo e jogando de igual para igual. Ronaldão era um monstro na zaga, não perdia uma e até deu um carrinho perigoso em cima de Stoichkov, que o deixou "miúdo" o resto do jogo. Cafu era boa opção pela ponta direita, enquanto o Barça dependia muito de Guardiola, já que Laudrup jogava muito avançado e pouco armava. Mesmo assim, o jogo era sensacional, a ponto de Ferrer e Ronaldo Luiz salvarem uma bola em cima da linha de cada lado. Muller quase fez um gol antológico de cobertura, se não fosse o zagueiro catalão.

2º Tempo - Raí decide!


Veio o segundo tempo e o jogo pegou mais fogo ainda. Ambas as equipes voltaram melhores e mais dispostas, com seus técnicos arrumando seus times no intervalo. Cruijff recuou Laudrup para armar o jogo e deu mais liberdade para o zagueiro Witschge avançar pela esquerda, em cima de Cafu.
Enquanto isso, o São Paulo tinha Ronaldo Luiz avançando mais pela lateral esquerda e Muller se movimentando mais na frente, segurando Koenman e Ferrer.

O jogo ainda era lá e cá, com o São Paulo mais objetivo em campo, até Palinha sofrer falta na entrada da área aos 34'. Em jogada ensaiada exaustivamente durante a temporada por Telê, Raí rolou, Cafu parou a bola e Raí mandou a redonda no ângulo de Zubizarretta, que nem se mexeu. Golaço!

Com o 2 a 1, Telê tirou o experiente Cerezo e colocou Dinho, para reforçar a marcação. Mas o Barça não ofereceu mais perigo, enquanto o São Paulo esteve muito perto de matar o jogo em contra-ataques, principalmente com a velocidade de Cafu. Mesmo estando no final de temporada e jogado mais de 90 (!) partidas no ano, o time do São Paulo estava muito mais inteiro fisicamente em campo do que o Barcelona. Grande parte disso se devia ao trabalho de Moracy Santana, preparador físico do time e braço direito de Telê.


Foi o primeiro título mundial do São Paulo FC, ganhado indiscutivelmente e com superioridade sobre o melhor time do momento na Europa e, até então, o maior time do gigante FC Barcelona em sua história. Mesmo Cruijff, que havia desdenhado do São Paulo em público anteriormente, chamando os jogadores de lentos e dizendo que o seu time era imbatível, se rendeu ao São Paulo FC e disse: "fomos atropelados por uma Ferrari". E foram. Para desespero de jogadores como Ferrer, que choraram no vestiário após o jogo. Para a alegria de um clube que, a partir daí, se tornava um Soberano e, dentre os grandes, o primeiro.



Imagens: Reprodução

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Affiliate Network Reviews