Não é tão simples como muitos tentam pintar. O caso Héverton
está causando um reboliço no futebol brasileiro e a possibilidade da Portuguesa
cair, com um salvamento do Fluminense, mexe mais na ferida gangrenada do
futebol brasileiro. A “vitória” do Flu por goleada de 5-0 no julgamento desta
segunda-feira (16) trouxe mais indignação para muitos defensores do clube
paulista em questão.
Porém, nada é preto no branco nesta história. Se o Flu se
salvar, não será uma virada de mesa como ocorreu nos anos 1990. Naquela época,
os cariocas tiraram vantagem de algo que não existia, inventado para salvar sua
pele, o que é bem diferente do que vemos em 2013. Se a Lusa for punida, será
pela aplicação fria da lei em vigor. Pode ser imoral, mas não será de forma
alguma ilegal.
Me parece que, mais do que a justiça em si, muitos (inclusive
da imprensa) tomam partido pelo Davi contra o Golias, multiplicado a enésima
potência por se tratar da simpática Lusa, prima pobre dos grandes paulistas,
contra o Fluminense e seu histórico sujo em um passado não muito distante.
Devemos separar as coisas. Não é trabalho do jornalista
tomar partidos por afinidade. A Lusa já foi muito prejudicada sim por fatores
extracampo, mas não é o mártir que tentam pintar por aí. Errou sim, descumpriu
a lei e não é coitadinha. Se não houve dolo, má fé e coisa e tal, é outra
história. Já o Flu não é o único a usar artimanhas obscuras para se dar bem.
Atlético-PR, Botafogo, Corinthians e Internacional foram alguns times também
ajudados pela “justiça” não muito tempo atrás, mas muita gente esquece. Aliás,
aposto que, se você não torce para algum destes times citados, pode ter certeza
de que seu time também tem sujeira no tapete.
Porque é assim o futebol
brasileiro. Todos nossos clubes têm um lado vilão.
O Palmeiras, por exemplo, protagonizou um escândalo em 1968 juntamente com o Guarani que poucos se lembram, mas consta como um dos atos mais podres do
futebol brasileiro. O Santos de Pelé também, ao fugir de campo em uma goleada para o São Paulo, que também tem suas tentativas de
obter vantagem no tapetão. Todos têm, não só os clubes cariocas, muitas vezes
beneficiados também por decisões esdrúxulas do tribunal.
Assim sendo, a sinuca de bico vai se afunilando quanto mais
se pensa sobre o caso. Se a Lusa se safar, será ilegal e abrirá precedente para
qualquer clube dizer que não houve má fé em erro próprio. Se o Flu se safar,
será imoral, pois o clube que fez campanha pífia e mereceu a queda continuará
na Série A, enquanto outro, que foi 12º colocado, cairá por um erro primário e
sem sentido.
A impressão que fica é de que o perdedor será o futebol
brasileiro, de uma forma ou outra. Nada é tão simples neste caso quanto parece.
Sem vilões e mocinhos maniqueístas. E quem se dará bem, mais uma vez, será o
STJD, com sua chance ao estrelato e seus advogados vestindo a camisa 10, não
importando o resultado do dia 26 de dezembro.
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